Teologia
A Salvação: Passada, Presente e Futura no pensamento de Francis A. Schaeffer
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A Bíblia relata que, em um ponto da história, a humanidade e o mundo caíram em desgraça. Apesar da aparente falha na criação de seres morais e racionais, a vinda, morte e ressurreição de Cristo representaram uma vitória necessária.
Até a segunda vinda de Cristo, a ausência de paz universal na terra sugere que a vitória na cruz não é plenamente evidente. No entanto, a Escritura destaca que os crentes são uma raça eleita, um sacerdócio real, destinados a proclamar as virtudes daquele que os chamou da escuridão para a luz maravilhosa.
Essa designação reflete a intenção divina de evidenciar a realidade da vitória na cruz durante o período entre a crucificação e a segunda vinda de Cristo. (Referência: 1 Pedro 2.9,10).
A passagem destaca que os cristãos têm um propósito específico nesta vida
Proclamar a glória de Deus e evidenciar a vitória de Cristo na cruz. A simples afirmação de doutrinas corretas não basta; é crucial como essas doutrinas são comunicadas.
O cristão não deve apenas pregar o Evangelho, mas também buscar a orientação do Espírito Santo. A vida cristã na terra deve refletir uma realidade sobrenatural pela fé, uma vida que não será repetida na eternidade.
É incumbência dos cristãos, em cada geração, serem a demonstração viva da existência de Deus e da realidade do mundo espiritual.
Cada cristão deve ser essa demonstração em sua própria geração, contribuindo para uma demonstração acumulativa ao longo dos séculos.
Os cristãos são chamados a demonstrar não apenas princípios morais, mas o caráter e a existência de Deus. Essa vocação é fundamentada no poder do Cristo crucificado e ressurreto, e na ação do Espírito Santo, operando pela fé.
Essa compreensão se encaixa na unidade do ensino bíblico sobre a carreira do cristão, que aborda a natureza sobrenatural do universo e a salvação oferecida por Cristo.
A visão Cristã Sobre a Salvação
A salvação, na visão cristã, envolve a justificação divina, na qual Deus declara retirada a culpa do pecador com base na obra vicária de Cristo na cruz. A morte de Cristo tem um valor infinito e cobre todo pecado e culpa daqueles que se aproximam Dele com fé.
A justificação, vista de acordo com a perspectiva bíblica, é irrevogável e absoluta, uma vez que Cristo levou sobre Si o castigo de todo o pecado do crente, passado, presente e futuro. Não há graus de justificação; ou alguém é cristão, justificado por Deus, ou não é.
No entanto, a salvação abrange mais do que apenas a justificação; inclui também a glorificação futura e a santificação presente.
Enquanto a justificação não tem graus, a santificação, que envolve o relacionamento atual do crente com Deus, pode variar em graus entre diferentes cristãos e ao longo da vida pessoal de cada um. A santificação lida com o poder do pecado na vida do crente e pode variar em intensidade.
A salvação não é apenas a justificação seguida de um vazio até a morte; é uma unidade contínua que flui da justificação, passando pela santificação até a glorificação.
Passagens Bíblicas
As passagens bíblicas, como Romanos 8:28-30 e Romanos 5:1-5, demonstram que a salvação é um processo contínuo que abrange todos os aspectos da vida cristã, não apenas a justificação. A palavra “salvação” engloba todo o processo de redenção, incluindo a justificação, santificação e glorificação.
A santificação é crucial para o cristão no presente, pois é o processo contínuo de conformação à imagem de Cristo. A salvação é uma unidade e, ao aceitar Cristo, o crente volta ao propósito original para o qual foi criado.
A Bíblia afirma que o propósito do ser humano é amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento, o que implica uma comunicação genuína com Ele.
Ao aceitar a Cristo como Salvador, o ser humano retorna ao propósito original para o qual foi criado. Isso resulta em uma nova e viva relação com cada pessoa da Trindade.
Primeiro, Deus o Pai se torna Pai do crente por adoção. Segundo, o crente entra em uma nova relação com Deus o Filho, conhecida como união mística com Cristo.
Conclusão
Por último, o crente entra em uma nova modalidade de relação com o Espírito Santo, que passa a habitar nele. Essa nova relação com o Espírito Santo é evidência da vida cristã genuína e é uma promessa cumprida após a ascensão de Cristo e o Pentecostes.
A presença do Espírito Santo em nós é uma marca distintiva dos verdadeiros seguidores de Cristo.
Cristo prometeu enviar o Espírito Santo como Consolador, garantindo que não ficaríamos órfãos, pois Ele estaria conosco através do Espírito Santo.
Ao aceitarmos a Cristo como Salvador, somos habitados pelo Espírito Santo e entramos em comunicação com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A base da salvação não é nossa fé, mas sim a obra consumada por Jesus Cristo na cruz. A fé é o instrumento pelo qual aceitamos essa obra de Cristo.
A santificação e a segurança são garantidas pela mesma base, a obra de Cristo, mas operam em momentos diferentes:
A justificação ocorre uma vez por todas, enquanto a santificação é um processo contínuo, momento após momento. Viver a vida cristã através do poder de Cristo, por meio do Espírito Santo e pela fé, traz gozo, paz e esperança.

Teologia
Cristianismo histórico e a teoria crítica
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Muitos cristãos reconhecem o quanto o nosso mundo está em pedaços- racismo, a pobreza e a exploração – e com razão querem fazer algo sobre isso. A teoria crítica contemporânea pode ser uma forma atraente de olhar para o mundo, porque parece ser uma abordagem amorosa e centrada nos outros.
Mas o problema da teoria crítica é que não se trata apenas de um conjunto de ideias ela é uma cosmovisão, uma forma de ver o mundo que responde a perguntas como: “Quem somos nós? Por que estamos aqui? O que há de errado com o mundo? Como esse problema pode ser resolvido? Qual é o sentido da vida?
Quando as pessoas adotam os princípios da teoria crítica, as suas respostas a essas questões são filtradas através dessa lente. Não é de admirar, então, que a teoria crítica esteja em contradição com o cristianismo em muitos pontos.
Quem somos nós?
De acordo com o cristianismo histórico, nós somos seres humanos feitos à imagem de um santo, amoroso e justo Deus. Conforme a teoria crítica, a nossa identidade não se encontra no que fomos criados para sermos mas na forma como nos relacionamos com outros grupos segundo as definições de classe, gênero, preferência sexual, e por aí adiante.
O que há de errado com o mundo?
De acordo com o cristianismo histórico, o pecado contra um Deus santo é o que está errado com o mundo. De acordo com a teoria crítica, a opressão é o que está errado.
Como esse problema pode ser resolvido?
De acordo com o cristianismo histórico, o problema do pecado é solucionado por Jesus tomar sobre si o castigo dos nossos pecados, morrendo a morte que era nosso merecimento para, assim, nos reconciliar com Deus.
Mas, de acordo com a teoria crítica, o problema da opressão é solucionado pelo ativismo, pela conscientização e pela deposição dos sistemas opressivos e seu poder.
Qual é o sentido da vida?
De acordo com o cristianismo histórico, vivemos para glorificar a Deus. De acordo com a teoria crítica, é para libertar grupos da opressão.
Teologia
Jesus a Verdade e a Vida
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Jesus a verdade – “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. Jo 14.6. Confessar Jesus como a verdade é aceitar seu caminho como totalmente autêntico verdadeiro no sentido de confiável.
Ele é digno de confiança porque Jesus é a verdade de Deus. Ele conhece Deus Pai, corresponde a Deus Pai e revela Deus Pai. “Quem vê a mim, vê o Pai” (Jo 14.9).
O caminho de Jesus é o caminho do Pai. “Ninguém chega ao Pai, a não ser por mim” (14.6).
Tais afirmações estão por trás do que veio a ser conhecido como o escândalo da particularidade, a tese escandalosa de que o Deus que é grande demais para ser compreendido e terrível demais para ser visto está de alguma forma presente, oculto/revelado no frágil palestino: “O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser” (Hb 1.3, NVI).
Por fim, o caminho é digno de confiança porque Jesus é a verdade da humanidade. Seguir o caminho de Jesus promove a prosperidade humana (shalom) e leva ao summum bonum: vida eterna e abundante.
Jesus é vida, e isso é mais do que uma questão de biologia
As Escrituras retratam a vida como algo que vai além da simples existência física. Vida é estar na presença graciosa e vivificante de Deus.
A suprema bênção da aliança no antigo Israel era estar com Deus, representado pela nuvem que cobria o tabernáculo:
“Então a nuvem cobriu a Tenda do Encontro, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na Tenda do Encontro, porque a nuvem estava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo.
Sempre que a nuvem se erguia sobre o tabernáculo os israelitas seguiam viagem; mas se a nuvem não se erguia, eles não prosseguiam; só partiam no dia em que ela se erguesse.
De dia a nuvem do Senhor ficava sobre o tabernáculo, e de noite havia fogo na nuvem, à vista de toda a nação de Israel, em todas as suas viagens” (Ex 40.34-38).
No entanto, o pecado nos aliena de Deus e, assim, da fonte da vida. Ter “vida”, no sentido teológico, é estar em um relacionamento de comunhão com Deus; ter vida é estar incluído na vida de Deus.
Por certo, a doutrina não é algo alheio à vida nesse sentido.
Na verdade, exatamente porque a doutrina está sempre relacionada à vida e somente a ela-comunhão vital com o Deus trino e uno – é que ela redunda em doxologia.
Teologia
Teologia pública: A tarefa do Pastor / Teólogo, a realidade do Ministério e a Teologia no modo indicativo.
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Em grande parte, a teologia pública cristã é indicativa. Como diz Vanhoozer a teologia é a tentativa de colocar em palavras o que está em Cristo. Essa é outra maneira de “indicar” a verdade do evangelho: o que Deus fez, está fazendo e fará em Cristo.
Existem muitas histórias verdadeiras sobre o que está acontecendo no mundo (e ainda mais histórias falsas), mas o foco da história bíblica é o que Deus está fazendo no mundo para renovar a ordem criada: “É verdade, o Senhor ressuscitou…” (Lc 24.34).
Nada parece a mesma coisa depois do impacto da ressurreição: Deus, o ser humano, o plano de salvação, o próprio cosmo tudo precisa ser repensado.
A Tarefa da Teologia Pública
A tarefa do teólogo é expor a “sã doutrina” em palavras e ações: a verdade sobre o estranho mundo novo do evangelho. O teólogo é um representante desse estranho mundo novo pós-ressurreição, um emissário do reino de Deus que já está causando impacto no velho mundo em que muitos pensam que ainda vivem.
Ao esclarecer o que Deus fez em Cristo, o teólogo produz algo útil presta um serviço. De outra forma, pode-se dizer que o teólogo é um ministro da realidade.
Um ministro (lat., minus = “menos”) se faz menor do que o objeto ou a pessoa que está sendo servida. Pastores são teólogos públicos porque dão testemunho do que está em Cristo, e não há realidade mais fundamental do que essa.
A Palavra de Deus Não Muda Nem Falha
Se a palavra de Deus permanece mais que os céus e a terra, a Palavra viva por meio da qual os céus e a terra foram feitos permanecerá muito mais.
A medida que auxilia o povo de Deus a viver na realidade da ressurreição a nova criação em Cristo o teólogo ajuda as pessoas a ter um encontro com a realidade.
O evangelho é um indicador confiável da realidade, visto que revela a natureza, a origem e o destino, da totalidade da ordem criada.
Isso também é teologia publica: tornar conhecido “o mistério que esteve oculto durante séculos e gerações, mas agora foi manifesto aos seus santos […] Cristo em vós…” (CI 1.26,27).
Considerações Finais
A teologia pública é a apresentação em proposições e, ainda mais importante, em pessoas da realidade da nova vida em Cristo.
A igreja, o grupo daqueles que foram ressuscitados com Cristo, é a vanguarda da nova ordem criada. O exímio pastor-teólogo Jonathan Edwards diz algo muito semelhante: a finalidade da obra divina de redenção e, portanto, o propósito total da história era criar um reino para seu Filho, um povo que fosse sua propriedade especial.
Aqueles que foram ressuscitados com Cristo, a sociedade dos redimidos, são apenas as primícias dessa realidade suprema.