Escatologia
O inferno
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Agora, com certa relutância, precisamos investigar o outro lado do estado eterno: a punição eterna dos ímpios, aqueles que estão longe de Cristo.
Fico relutante porque é sempre desagradável pensar ou falar sobre a punição eterna. Se eu fosse livre para inventar minha própria religião, garanto que a punição eterna não faria parte dela.
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Contudo, é necessário falar disso, porque não sou livre para inventar minha própria religião; devo ensinar somente o que a Bíblia ensina, e ela certamente tem muito a dizer sobre a punição eterna.
De fato, de todos os mestres mencionados na Bíblia, o próprio Jesus é o que mais fala sobre a punição eterna, e colocou considerável ênfase nisso. Ela não é um detalhe sem importância na sua visão do destino humano.
O Que Podemos Aprender Sobre o Inferno?
Primeiramente, fica claro, a partir de muitas passagens, que quem não crê em Cristo está condenado. João 3.18 diz: “(…) quem nele crê não é julgado; o que não cré já está julgado, porquanto não crê no nome do unigénito Filho de Deus”.
Também João 3.36: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna, o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”.
A ira de Deus é algo terrível. Quando Deus conduziu Israel pelo mar Vermelho em terra seca, ele destruiu o exército egípcio.
Êxodo 15.6-7 afirma: “A tua destra, ó SENHOR, é gloriosa em poder; a tua destra, ó SENHOR, despedaça o inimigo.
Na grandeza da tua excelência, derribas os que se levantam contra ti; envias o teu furor [isto é, a ira de Deus], que os consome como res tolho”.
O AT contém várias descrições vividas apavorantes do que acontece quando a ira de Deus “se acende”.
Ora, é claro que as descrições do AT sobre a ira de Deus dizem respeito principalmente ao que acontece nesta vida.
Porém, muitas pessoas ímpias não recebem a total punição pela sua perversidade nesta vida. De fato, como alguém que violou a lei de Deus pode pagar pelos seus pecados nesta vida, num período finito de tempo?
Como cristãos, sabemos que nunca poderíamos pagar com nossos próprios recursos a dívida que temos com Deus.
Nada além da morte do Filho de Deus seria suficiente
Então, o que resta a quem recusa Cristo, que não quer ter parte no seu sacrifício definitivo? Hebreus 10.26-27 diz: “(…).
Se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários”.
Se nos desviarmos de Cristo e escolhermos o pecado, tudo o que temos pela frente é o juízo irado de Deus.
Esse juízo acontece depois que termina esta vida, mas baseia-se nas ações realizadas durante esta vida aqui na Terra: “(…) aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).
Portanto, não há uma segunda chance. Os que morrem como incrédulos aguardam esse terrível juízo de Deus.
A punição não tem fim. No julgamento final, as ovelhas, o povo de Jesus. recebem a vida eterna, enquanto os cabritos, os ímpios, recebem a punição eterna (Mt 25.41, 46).
“A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que a marca do seu nome” (Ap 14.11; cf. Mc 9.43,48; Le 16.22-24,28; Ap 19.3; 20.10).
Algumas pessoas defendem que, embora a fumaça e o fogo continuem para sempre, o tormento dos perdidos termina, porque, com o tempo, eles são queimados.
Essa visão é chamada de aniquilacionismo: os ímpios não são punidos para sempre; em algum momento eles simplesmente deixam de existir.
Porém, as Escrituras sugerem o oposto: não apenas o fogo continua para sempre, mas o tormento dos ímpios também permanece eternamente (Ap 14.11: 20.10).
Ha expressões na Bíblia que afirmam que os ímpios serão destruídos
Contudo, isso não necessariamente significa aniquilação.
Em 1Corintios 5.5, Paulo insiste que a igreja deve excomungar um pecador “para a destruição da carne”.
Isso não significa que o pecador será aniquilado, apenas que ele se desviará do seu caminho perverso.
É claro, no inferno, ninguém se desviará do seu modo perverso; portanto, a destruição e a punição continuam sem fim.
Acredito que haverá graus de punição no inferno, assim como há graus de recompensa para os crentes.
Em Mateus 11.22, Jesus afirma: “(…) haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para (…)” Corazim e Betsaida.
Em Lucas 20.47, ele diz que os escribas sofrerão “juízo muito mais severo” do que outros. Em Lucas 12.47-48, Jesus diz que os servos que pecam por ignorância receberão menos açoites do que aqueles que pecam com conhecimento.
A variável principal parece ser o conhecimento. Quem peca contra um conhecimento maior estará sujeito a condenação maior. Essa é uma mensagem à qual especialmente nós, os teólogos, precisamos atentar.
Mesmo assim, até mesmo um açoite relativamente mais leve de Deus, que dure por toda a eternidade, é algo terrível de contemplar.
Ninguém deve tentar mitigar a severidade dessa doutrina, seja por algum truque exegético ou teológico.
Essa severidade é o ponto essencial. Ficar separado de Deus, da sua herança. do seu povo, e estar para sempre sob sua ira é algo terrível de contemplar.
Hoje relutamos em falar sobre o inferno. Queremos incentivar as pessoas a aceitarem Jesus por amor, não por medo.
Certamente não é errado focar no amor de Cristo. As próprias Escrituras nem sempre falam do inferno num contexto evangelístico.
Mas, ás vezes, falam. As vezes, usam ameaças, em vez de suplicas de amor. Quando as pessoas contaram a Jesus algumas tragédias terríveis ele lhes disse:
“Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Lc 13.3,5). Algumas pessoas não reagem ao amor, pelo menos não apenas ao amor.
E injusto Deus punir eternamente as pessoas?
Pode parecer que sim. Como um único pecado pode levar a uma eternidade de sofrimento?
Contudo, lembre-se de que, assim como o primeiro pecado de Adão, cada pecado é uma afronta à dignidade do Deus eterno, uma violação da sua justiça perfeita, uma traição ao seu amor perfeito.
Esse tipo de cálculo está além da nossa capacidade, mas não deve nos surpreender que Deus nos informe que esses pecados são infinitamente ofensivos e merecem uma penalidade eterna.
E função dele determinar as penalidades, e sabemos, pelas Escrituras, que suas decisões são perfeitamente justas.
Considerações Finais
Podemos não entender a justiça disso agora. Mas esse é o problema do mal, o qual vimos no capítulo 14.
Quando estivermos reunidos ao redor do trono, cantando louvores a Deus no estado eterno, não estaremos questionando a justiça de Deus, mas exaltando-a sem reservas:
“Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações!
Quem não temerá e não glorificará o teu nome, 6 Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos” (Ap 15.3-4).
Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “Teologia Sistemática” de John Frame que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.
