Teologia Sistemática
Anjos – Satanás e Demônios
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Os anjos são seres espirituais altamente inteligentes e moralmente bons criados por Deus. Alguns anjos se rebelaram contra Deus, perderam sua bondade original e, agora, como demônios (com Satanás como seu líder), fazem oposição a Deus e à sua obra.
Os anjos são seres criados, de natureza simples, apenas imaterial (embora possam assumir a aparência de seres humanos). Os anjos são criaturas altamente inteligentes, santas e poderosas.
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Parece haver várias categorias de seres angelicais: arcanjos, anjos, querubins e serafins. Quanto às suas atividades, os anjos servem de intermediários da revelação de Deus, executam a vontade dele e o adoram.
Infelizmente, um anjo, liderando um grande contingente de outros anjos, rebelou-se contra Deus e, como punição, foi banido do céu e mandado para a terra, onde procura causar destruição.
Os demônios são os subordinados de Satanás, os quais também se opõem a Deus e tentam atrapalhar sua obra. Os cristãos combatem Satanás e os demônios ao se empenharem na guerra espiritual.
ENTENDENDO A DOUTRINA
Uma das partes mais fascinantes da Escritura é a revelação de uma categoria de seres que são diferentes dos seres humanos. Assim como nós, os anjos foram criados por Deus.
Ao contrário de nós, porém, os anjos são simples por natureza, sendo apenas imateriais. Ainda assim, quando a Escritura apresenta anjos, eles frequentemente têm a aparência de seres humanos, são semelhantes a nós de muitas maneiras.
Essas aparições angélicas são acomodações que permitem que os anjos se revelem, falem, livrem e guiem os seres humanos.
No que diz respeito às suas capacidades, os anjos são altamente inteligentes, todavia não são oniscientes como Deus.
Na verdade, eles não podem compreender a salvação que Deus provê para os seres humanos pecadores (1Pe 1.10-12) e aprendem sobre a graça por meio da sabedoria de Deus exibida na igreja (Ef 3.10).
Outra característica dos anjos é que eles são moralmente bons
Essa santidade significa que eles vivem na presença do Deus santo, a quem adoram, e sempre fazem sua santa vontade.
Além disso, os anjos são poderosos, mas não todo-poderosos como Deus. Ainda assim, são plenamente capazes de realizar as tarefas que lhes são designadas por Deus.
Quanto a sua classificação, parece haver várias categorias: arcanjos (p. ex., Miguel; Jd 9) são governantes dos outros anjos, até mesmo liderando um exército de anjos (Dn 10.13).
Anjos são os seres imateriais que estamos descrevendo
Querubins impediram o retorno de Adão e Eva ao jardim do Éden (Gn 3.24) e acompanhavam Deus e a sua glória (Ez 10; Sl 18.10).
Serafins são criaturas de seis asas que adoram a Deus, louvando a sua santidade (Is 6.2,3; Ap 4.8). Pode ser que as descrições de seres angelicais como tronos, dominações, principados e poderes (Cl 1.16; cf. Ef 1.20,21) indiquem outras categorias.
Entre as funções desempenhadas pelos anjos está a de servirem de intermediários da revelação de Deus. Por exemplo, os anjos tiveram um papel na transmissão da Lei mosaica (Gl 3.19; At 7.53; Hb. 2.2).
Aparecem em várias narrativas trazendo mensagens de Deus para as pessoas (p. ex., o anúncio que Gabriel faz a Maria; Lc 1.26-38).
Também servem a Deus de outras maneiras, como ministrar aos crentes, até resgatando alguns da morte iminente (p. ex., o prisioneiro Pedro; At 12.6-17). Além disso, eles cercam o trono de Deus, adorando-o continuamente.
Infelizmente, essa apresentação dos anjos entra agora por um caminho horrível
Embora todos os anjos tenham sido criados íntegros, um deles, seguido por um grande número de outros anjos bons, rebelou-se contra Deus.
Inchado de orgulho, Satanás e seus seguidores extrapolaram os limites com os quais foram criados e, por sua traição, Deus os castigou.
Na verdade, Deus expulsou do céu o exército do mal e confinou todos os anjos rebeldes à terra, onde se opõem a Deus e procuram frustrar sua obra.
Satanás é chamado de o “príncipe” deste mundo (Jo 12.31), “o deus deste século” (2Co 4.4) e “o príncipe do poderio do ar” (Ef 2.2).
O nome “Satanás” significa “adversário”; ele se coloca contra Deus e seu povo
Outros nomes que revelam sua natureza incluem o Diabo (acusador, difamador), Abadom ou Apoliom (destruidor), Belzebu (deus do esterco) e a “antiga serpente” (o tentador no Éden).
Sendo o “maligno”, ele pratica atividades perversas por meio da tentação, da acusação, do engano, da mentira, da cegueira, da destruição e do tormento.
Os servos de Satanás, os demônios, opõem-se a Deus e tentam atrapalhar seu trabalho, envolvendo- se em atividades malignas, como disseminar falsas doutrinas, espalhar doenças, fomentar a autodestruição e até mesmo possuir pessoas.
Como Satanás é um inimigo derrotado e os demônios estão sujeitos a Cristo (Ef 1.21-23; Cl 2.15), os cristãos não têm o que temer (Hb 2.14), mas devem resistir, envolvendo-se na guerra espiritual, especialmente comunicando o evangelho (Ef 6.10-20).
Desde o início, a igreja acrescentou muita especulação ao conhecimento biblicamente fundamentado sobre essa doutrina.
Conjecturou sobre as asas e a velocidade dos anjos, seu imenso número e suas funções. Orígenes (c. 185-254), um dos patriarcas da igreja primitiva, acreditava que os seres humanos finalmente se tornariam anjos.
A igreja condenou a adoração de anjos e qualquer oração dirigida a eles. No entanto, desenvolveu a crença em anjos da guarda que guiam as pessoas para fazer o bem, induzem-nas a se arrependerem quando praticam o mal e as ajudam quando elas oram.
Agostinho (354-430) imaginou que, para restaurar a harmonia no Universo, Deus substituirá o número de anjos caídos pelo mesmo número de seres humanos redimidos.
Pseudo-Dionísio, o Areopagita, escrevendo cerca de um século depois de Agostinho, especulou que há nove ordens na hierarquia dos seres angélicos.
Tomás de Aquino (1225-1274), apelidado de “Doutor Angélico”, acreditava que Deus criou anjos à sua imagem, no que diz respeito ao seu intelecto.
Os anjos, portanto, são seres completamente intelectuais e mais semelhantes a Deus que qualquer criatura — incluindo seres humanos.
A Queda de Satanás
Quanto a Satanás e os demônios, alguns líderes cristãos acreditavam que a queda dos anjos ocorreu por causa do ciúme que Satanás tinha dos seres humanos, porque eles tinham sido criados à imagem de Deus.
Outros atribuíram a queda aos anjos que tiveram relações sexuais com mulheres humanas. Embora Orígenes tenha especulado que até mesmo Satanás e os demônios seriam salvos, a igreja contestou sua ideia.
Anjos da guarda foram considerados necessários para neutralizar as tentações e os ataques de demônios. Quando a influência demoníaca se transformava em possessão, o exorcismo era considerado a solução.
De grande ajuda para afastar os seres malignos, pensava-se, era o ascetismo, a disciplina severa do corpo, com a negação de prazeres legítimos como comida e sono.
Essas especulações vão muito além do que a Bíblia afirma sobre anjos, demônios e Satanás.
Base bíblica
As narrativas bíblicas revelam detalhes importantes sobre a natureza, os tipos, as capacidades e as funções dos anjos.
Algumas narrativas do Antigo Testamento que falam sobre eles são: a hospitalidade de Abraão com os anjos (Gn 18.1-22), o resgate de Ló por anjos (19.1-22) e a jumenta de Balaão e o anjo do Senhor (Nm 22.22-35).
Em relação a Jesus, o Novo Testamento narra atividade angélica em seu nascimento (Lc 2.8-15), na tentação (Mt 4.11), na ressurreição (Jo 20.11-13) e no futuro retorno (Mt 16.27; 25.31).
Outras histórias do Novo Testamento incluem a libertação angélica dos apóstolos perseguidos (At 5.17-26; 12.6-11) e as mensagens trazidas por anjos para Filipe (At 8.26), Cornélio (At 10.1-33) e Paulo (At 27.21-26).
A literatura apocalíptica está repleta de referências à atividade angélica (Daniel; Apocalipse).
A passagem de Jó 38.4-7 implica que os anjos foram criados antes de Deus criar a Terra e os seres humanos.
Da mesma forma, narrativas bíblicas sobre Satanás e os demônios apresentam sua natureza maligna e suas atividades.
A queda de Satanás pode estar narrada em Isaías (14.12-14) e Ezequiel (28.12-18), e outras passagens fornecem vislumbres da morte de Satanás e de suas hostes (Lc 10.17-20; 1Tm 3.6; 2Pe 2.4; Jd 6).
Os encontros satânicos e demoníacos específicos com seres humanos incluem a tentação de Eva por Satanás (Gn 3.1-7; 2Co 11.1-3), a tentativa de destruir Jó (Jó 1 e 2), a tentação de Jesus (Mt 4.1-11).
O tormento de uma mulher durante dezoito anos (Lc 13.16), o papel de Satanás na traição de Jesus por Judas (Lc 22.3) e a provação constante de Paulo por ordem de Satanás (2Co 12.7).
As narrativas bíblicas de possessão demoníaca incluem o homem atormentado por “Legião” (Mc 5.1-20), o homem mudo (Mt 9.32,33), um jovem (17.14-21) e a filha da mulher siro-fenícia (Mc 7.26-30).
Os inimigos de Jesus o acusaram de estar em conluio com Satanás e, portanto, ter demônios (Mt 12.22-32; Jo 8.48- 52; 10.20).
Principais erros sobre esta Doutrina
1. No que diz respeito à crença, a igreja aceita essa doutrina, mas se envolve em vasta especulação sobre anjos e demônios.
A igreja erra quando se afasta do limitado material bíblico e une a teologia à filosofia ou quando permite que as concepções populares exerçam forte influência.
Entre os exemplos disso estão: crer em anjos da guarda, orar aos anjos, superestimar a influência de Satanás e dos demônios, atribuir o pecado pessoal à atividade demoníaca e muito mais. Esse é o erro do exagero.
2. Quanto à incredulidade, a igreja ou trata essa doutrina com benigna negligência, quase se sentindo constrangida por ela, ou a rejeita completamente.
Três problemas resultam dessa incredulidade. Um deles é a dificuldade de compreender as narrativas bíblicas nas quais anjos e/ou Satanás e os demônios desempenham um papel.
O segundo problema é viver na ignorância do mundo espiritual real, que é parte da realidade terrena.
Essa ignorância resulta em estar mal preparado para enfrentar a tentação e o nos ataque dos demônios, além de dispensar a necessária ajuda dos anjos.
3. O terceiro problema é menosprezar os cristãos ao redor do mundo que vivem diariamente a realidade dos anjos e demônios.
Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.
