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Teologia Sistemática

Os dons do Espírito Santo, Milagres, Profecia, Línguas estranhas e Curas

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Além do batismo do Espírito, do seu enchimento também temos dons do Espírito, de acordo com as Escrituras (Rm 12.3-8,10 7.7; 12.4-11, 27-31; Ef 4.7-16; 1Pe 4.11). Wayne Grudem define dom espiritual como “qualquer habilidade que é dada pelo Espírito Santo e usada em qualquer ministério da igreja”.

Ele ressalta que alguns dons estão relacionados c nossas habilidades naturais, como o ensino, a demonstração de misericórdia e com a administração. Outros são mais “sobrenaturais”, como línguas, profecia, cura e discernimento de espíritos.

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As listas bíblicas de dons não são exaustivas. Observe que eles diferem de passagem para passagem. Qualquer habilidade divinamente dada igreja deve ser considerada um dom espiritual.

Eu não hesitaria em afirmar que a habilidade de cantar no culto é um dom espiritual. Ou a habilidade de cozinhar nas reuniões da igreja ou em ministérios de misericórdia. Ou a habilidade de gerenciar as finanças para o corpo da igreja.

Então, se você é um crente em Cristo, Deus lhe deu um ou mais dons dos quais a igreja precisa para o seu ministério. Se você é um pastor ou outro líder da igreja, uma das suas responsabilidades principais é ajudar seu povo a identificar o dom espiritual de cada um e, então, incentivar o uso desses dons para que possam prosperar no corpo.

Como você descobre seus dons espirituais? Ore para que Deus os tome evidentes a você. Depois, teste suas habilidades em diferentes áreas até descobrir de quais maneiras você pode contribuir mais. Peça a outros crentes que o ajudem. A perspectiva deles acrescentará bastante à sua.

Milagres

Ora, há muitas controvérsias sobre os dons espirituais e precisamos investigá-las aqui. Na nossa época, as controvérsias principais se referem aos dons mais “milagrosos”, como profecia, línguas e cura. Digo “mais milagrosos” porque não acredito ser possível distinguir nitidamente entre acontecimentos miraculosos e não miraculosos.

Deus dá dons miraculosos à igreja hoje? Devemos lembrar que os milagres são, na verdade, bastante raros na história bíblica. Centenas de anos se passam na história da Bíblia sem nenhuma referência a milagres. Evidentemente, Deus não desejou tornar os milagres uma parte regular da vida do seu povo.

Os milagres aparecem em momentos especiais, quando Deus está fazendo uma obra grandiosa de misericórdia e/ou juízo. Lemos a respeito de vários 1 milagres na época de Moisés, no tempo de Elias e Eliseu e no ministério terreno de Jesus e dos seus apóstolos.

Na época dos apóstolos, os milagres tinham uma conexão especial com o testemunho dos apóstolos de Jesus. Eles são chamados de “credenciais do apostolado” em 2Coríntios 12.12. Nessa passagem, Paulo recorre aos seus milagres para demonstrar que é um verdadeiro apóstolo.

Seu argumento não seria muito forte se todos pudessem realizar milagres. Em vez disso, ele sugere que os milagres são dons especiais dados aos apóstolos, para identificá-los como mensageiros de Deus por todo o mundo onde pregaram Cristo. Hebreus 2.4 também mostra Deus usando sinais e prodígios (milagres) para confirmar a mensagem dos apóstolos.

Então, parece que os tipos mais miraculosos de dons foram dados principal mente aos apóstolos no período do NT e a profetas como Moisés, Elias e Eliseu no AT. Contudo, o essencial não é que eles provavelmente foram os únicos no mundo que puderam realizar milagres. Em vez disso, é que o Senhor capacitou os profetas e os apóstolos a operarem muitíssimos milagres para mostrarem a todos que Deus os havia escolhido.

Para nós, de qualquer modo, o fato é que não devemos esperar que Deus opere milagres para nós. Eles não são uma parte regular da vida cristã. Certamente, eles podem acontecer de acordo com o bel-prazer de Deus, e devemos ser gratos quando ocorrem.

Todavia, não devemos exigir milagres ou nos irritarmos com Deus quando ele decide não realizar um milagre para nós. Até mesmo Paulo não foi capaz de realizar milagres o tempo todo, pois o Senhor não atendeu à oração de Paulo pela sua própria cura (2Co 12.7-9).

Profecia

No entanto, e quanto ao tipo especial de milagre chamado profecia? Na profecia, como vimos no capítulo 24, Deus capacita um ser humano a falar a própria palavra de Deus (Dt 18.18-22). Será que Deus ainda inspira profetas hoje?

Wayne Grudem acredita que as pessoas chamadas de profetas no NT eram bem diferentes das chamadas de profetas no AT.2 No AT, os profetas falavam a própria palavra de Deus, por isso o que falavam era absolutamente verdadeiro, confiável, infalível e inerrante.

Porém, no NT, de acordo com Grudem, o dom da profecia é um dom menor. Era simplesmente a habilidade de transformar uma mensagem de Deus em palavras humanas, mas falíveis. Em outras palavras, no NT, Deus revelou seus pensamentos aos profetas, mas as palavras reais deles não eram idênticas às de Deus.

Grudem acredita que hoje não existem profetas no sentido do AT, apenas sentido do NT. Ele reconhece que, se houvesse profetas como os do AT hoje, eles acrescentariam conteúdo as Escrituras.

Portanto, a Bíblia não seria ciente, visto que haveria outras palavras de Deus com a mesma autoridade. Mas Grudem acredita que há profetas como os do NT na igreja hoje em dia. Visto que suas palavras são falíveis, elas não desafiam a suficiência das Escrituras

Não estou convencido da tese de Grudem. Se é verdadeira, então pode mesmo haver profetas no sentido do NT na igreja de hoje. Mas penso que não é, portanto, não há profetas, definidos biblicamente, na igreja atual. Não há ninguém na igreja hoje que possa nos dar uma mensagem com a mesma autoridade que a Bíblia.

Evidentemente, a palavra profecia pode ser usada de modo mais informal. As pessoas às vezes falam da pregação como profecia, visto que ela transmite o ensino da Bíblia e geralmente recebe um poder especial do Espírito Santo.

As pessoas às vezes afirmam que a igreja possui ofícios de profeta, sacerdote e nada do que eu disse neste capítulo deve nos levar a não mais usar o termo pro feta desse modo geral. O que quero enfatizar é que, na igreja contemporânea, não há ninguém com a autoridade descrita em Deuteronômio 18.

Nem quero afirmar que Deus não pode se revelar de maneiras incomuns e surpreendentes. Ouvi falar de cristãos que sonharam com certo grande desastre por vir a tempo de avisar outros para evitarem o desastre real. Isso poderia ser de Deus?

Ele é soberano sobre nossos sonhos e nosso subconsciente, do mesmo modo como é soberano sobre o funcionamento dos nossos olhos, ouvidos e nariz.

Cada acontecimento, de algum modo, revela Deus, como vimos no capítulo 8. Tudo o que estou dizendo é que a Bíblia é o único lugar em que podemos encontrar palavras de Deus com autoridade suprema.

Línguas

Então, e quanto às línguas? Grudem diz que “falar em línguas é uma oração ou um louvor falado em sílabas não compreendidas por aquele que ora”.

Em Atos 2, judeus de muitas nações, que falavam muitas línguas, reuniram-se em Jerusalém para a festa de Pentecostes e ouviram o sermão de Pedro nas suas próprias línguas. Certamente esse foi um grande milagre, dado por Deus.

Em outro lugar, o NT fala do dom de línguas como um dom usado na adoração, tanto em público quanto em particular. Aparentemente, as pessoas oravam ou ensinavam em línguas que elas mesmas não conheciam e que as outras pessoas que ouviam também não conheciam.

É difícil imaginarmos o propósito disso, mas aparentemente tinha certo valor devocional (1Co 14.14). É evidente que, em muitos casos, pelo menos, o próprio Deus falou com as pessoas por meio de uma língua desconhecida.

Quando alguém usava uma língua estranha no culto público, geralmente havia um interprete presente, que explicava à congregação o que a pessoa havia lado.

Visto que Deus estava se comunicando por meio da pessoa que falava em língua estranha, a interpretação dessa língua também fazia parte do discurso de Deus. Portanto, a interpretação da língua estranha era equivalente a profecia.

De fato, visto que era uma interpretação dada por Deus de uma mensagem dada por Deus, ela equivale à profecia no sentido do AT. Tanto na língua desconhecida quanto na língua interpretada, a mensagem era a própria palavra de Deus.

No entanto, em 1 Coríntios 14, Paulo está muito preocupado que o culto da igreja não apenas honre a Deus, mas também edifique o povo. Não é suficiente que se fale com Deus no culto; também devemos ensinar, encorajar (Hb 10.25), edificar e guiar uns aos outros no crescimento espiritual.

Paulo diz que quem fala em língua estranha tem comunhão com Deus, mas não edifica a congregação, a menos que haja interpretação.

Por isso, afirma Paulo, os cristãos não devem falar em línguas estranhas no culto, a não ser que alguém presente tenha o dom de interpretação, a não ser que alguém seja capaz de traduzir o discurso em língua estranha para uma língua conhecida.

A propósito, fica evidente, a partir de 1Coríntios 14 (e 12.30), que nem todo cristão falava em línguas estranhas. Alguns pensam que todo cristão verdadeiro fala em línguas estranhas, ou pelo menos todos os que são batizados no Espírito. Mas, como vimos, todo cristão é batizado no Espírito, mas nem todo cristão fala em línguas estranhas.

Será que Deus ainda concede o dom de línguas hoje?

Ou as línguas, tal como a profecia, é um dom temporário que Deus deu à igreja, que não é mais necessário agora que temos uma Bíblia completa?

Bem, visto que as línguas interpretadas são como profecia, nosso argumento anterior implica que não há línguas interpretadas hoje. Consequentemente, 1Coríntios 14 nos ensina que não devemos falar em línguas estranhas nos cultos públicos de adoração.

No entanto, Paulo não condena o uso de línguas estranhas nas devoções particulares. De fato, ele diz, em 1Coríntios 14.2: “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios”.

Será que Deus ainda concede essa habilidade a alguns cristãos, de falar com ele em particular numa língua desconhecida? É dificil imaginar por que Deus daria um dom tão notável para ser usado apenas em particular.

O ensino geral das Escrituras sobre os dons do Espírito é que não são para nosso uso particular, mas para serem usados em beneficio de todo o corpo. Ainda assim, pode haver algo no uso privado das línguas estranhas que capa cite uma pessoa a ministrar aos outros de modo mais eficaz.

Também é dificil imaginar por que Deus retiraria da igreja os dons de profecia e interpretação, deixando intacto o dom do uso particular de línguas estranhas. Todavia, penso que é melhor deixar essa questão sem resposta por ora.

Curas

Curas No NT, Deus concedeu curas miraculosas como um testemunho de Jesus e dos apóstolos (Mt 9.18; Mc 6.13; Lc 4.40; At 28.8). Jesus conseguia curar meramente com sua palavra ou usando materiais como lama e saliva. Ele Senhor sobre todas as forças da natureza e pode reverter a maldição sobre a terra segundo o seu querer.

Os apóstolos também curavam os doentes com frequência, cura não era automática. Em Marcos 9.28, os discípulos não conseguem expulsar um demônio de um menino, e Jesus ensina que esse tipo de exorcismo requer oração.

Em certo momento, Paulo também foi incapaz de curar, ou seja, de se curar do que ele chama de “espinho” (2Co 12.7). Ele suplicou a Deus pela cura três vezes (v. 8), mas Deus respondeu: “(…) minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.

De boa vontade, pois, mais me fraquezas” (v. 9; cf. 2Tm 4.20). Também percebemos que todos os morreram, no tempo de Deus. Eles não foram capazes, por meio do dom da cura, de evitar a morte para sempre. A taxa de mortalidade se manteve em um pouco menor do que uma por pessoa.

Também lemos em Salmos (como em 119.67,71) e em outros lugares que Deus usa a aflição, o que certamente inclui doenças e danos, para seus bons propósitos.

O dom da cura miraculosa ainda existe hoje?

Eu diria que Deus deu uma habilidade especial de cura para os apóstolos e para alguns outros durante a época apostólica (1Co 12.9). Embora essa habilidade fosse limitada, era suficiente para dar testemunho ao mundo atento de que a nova seita cristã tinha a bênção de Deus.

Tal como outros dons miraculosos, essa habilidade não foi dada a todos os cristãos, nem foi dada durante todo o período da história bíblica. Em vez disso, foi dada com um propósito especial, numa época especial.

Portanto, não devemos esperar encontrar pessoas com esse dom de cura na igreja de hoje. Mas isso não quer dizer que Deus não dará, jamais, esse dom a alguém. Apenas não sabemos os propósitos de Deus bem o suficiente para fazer essa generalização.

É certo, contudo, que a igreja tem algum acesso à cura divina. Pode não haver ninguém hoje com o dom de cura do NT. Porém, certamente continuamos a ter acesso ao trono de Deus por meio da oração. E o NT nos incentiva a orar por cura. Tiago 5.14-15 diz:

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”.

Aí não lemos apenas sobre a oração por cura, mas sobre essa oração como um ministério especial da igreja. De certo modo, a passagem é dificil, porque há uma conexão nela entre a cura e o perdão que é difícil de entender.

Considerações Finais

Considero que a passagem promete que, quando uma pessoa estiver doente por causa de um pecado, ela deve confessar esse pecado aos presbíteros da igreja, e suas orações de fé, com a unção de óleo, a erguerão novamente.

Certamente, no entanto, mesmo quando não há uma conexão clara entre a doença e o pecado, temos o privilégio de orar e levar a questão ao nosso Pai celestial. Assim como ocorre com os apóstolos, essa oração é limitada; não há nada automático nela.

Deus pode dizer não por diversos motivos, entre eles o motivo que deu a Paulo em 2Corintios 12.9. Mas o poder da oração não foi mitigado desde a época dos apóstolos. Devemos nos achegar confiadamente junto ao trono da graça, confiantes de que, no modo e no tempo de Deus, receberemos sua misericórdia (Hb 4.16).

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “Teologia Sistemática” de John Frame que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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