Teologia Sistemática
A Ceia do Senhor Jesus Cristo
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A Ceia do Senhor Jesus Cristo. Um dos dois sacramentos ou ordenanças da igreja, a ceia do Senhor é o rito ou celebração contínua de estar em relacionamento de nova aliança com Deus.
Jesus estabeleceu a ceia do Senhor quando estava celebrando a festa da Páscoa (sua última ceia) com seus discípulos, pouco antes de sua crucificação. Jesus ordenou a ceia como um dos dois sacramentos ou ordenanças para sua igreja.
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Outros nomes para a ceia do Senhor são: a comunhão, a eucaristia e o partir do pão. A ceia do Senhor, que deveria ser uma celebração unificadora, tornou-se um ponto de grande divergência por causa das diferentes concepções da presença de Cristo.
A transubstanciação, consubstanciação, memorial, presença espiritual e concepções anabatistas/batistas). As igrejas têm diferentes ideias sobre o que a ceia do Senhor faz.
Entendendo a Doutrina da Ceia do Senhor Jesus Cristo
Segundo Gregg R. Allison a ceia do Senhor e o batismo são os dois sacramentos ou ordenanças que Jesus instituiu para a sua igreja.
Em sua última ceia, pouco antes de sua morte, Jesus celebrou a festa da Páscoa. Alterando significativamente essa refeição, ele acrescentou os três elementos da ceia do Senhor.
Um pão partido, para o seu corpo que seria quebrado na cruz; uma taça de vinho,
para o seu sangue que seria derramado na cruz.
E, em resposta à sua ordem para que repetissem essa refeição até seu retorno, a participação de seus discípulos nessa nova comemoração.
Obedecendo à ordem de Jesus, as igrejas historicamente administraram a ceia do Senhor, que é conhecida por vários outros nomes.
Ela é chamada de comunhão porque Paulo afirmou que participar do cálice e do pão é comunhão (koinōnia) com o sangue e o corpo de Cristo (1Co 10.16).
A palavra eucaristia está associada a ela por causa da ação de Jesus de dar graças (eucharistia) quando inaugurou essa celebração (Mc 14.23; cf. 1Co 11.24).
É também chamada de partir do pão por causa da descrição dessa prática da igreja primitiva (At 2.42).
Embora Jesus pretendesse que a ceia do Senhor fosse uma observância regular que unisse sua igreja, ela se transformou num ponto de grande divisão.
As cinco posições principais concentram-se na presença de Cristo na celebração
Essas divergências são o resultado de desenvolvimentos históricos. Transubstanciação. Em 1215, a Igreja Católica Romana proclamou oficialmente a doutrina da transubstanciação: durante a celebração do sacramento da eucaristia
O pão é transubstanciado, ou transformado, no corpo de Cristo, e o vinho é transformado no sangue de Cristo, pelo poder de Deus.
Tomás de Aquino forneceu a explicação filosófica para a transubstanciação: a substância (aquilo que faz algo ser o que é) do pão e do vinho é transformada no corpo e no sangue de Cristo.
No entanto, os acidentes (características que podem ser percebidas pelos sentidos) permanecem os mesmos: o pão e o vinho ainda têm aparência, cheiro, gosto e sensação tátil de pão e vinho.
Consubstanciação.
Martinho Lutero entendia a eucaristia como uma união sacramental de Cristo e dos crentes.
Essa posição, comumente chamada de consubstanciação, sustenta que Cristo está verdadeiramente presente, tanto em sua divindade quanto em sua humanidade, “em, com e sob” a substância do pão e do vinho.
Essa posição se baseia nas palavras de Jesus: “Isto é o meu corpo”, que são interpretadas literalmente.
A consubstanciação é possível porque o corpo de Cristo está presente em toda parte, não apenas localizado no céu.
Memorial. Ulrico Zuínglio desenvolveu a noção de que a ceia do Senhor é um memorial da morte de Cristo.
O corpo de Cristo está localizado no céu e, portanto, não pode estar presente na ceia do Senhor.
As palavras de Jesus:
“Isto é o meu corpo”, devem ser traduzidas como: “Este pão simboliza o meu corpo”. E Jesus ordenou: “fazei isto em memória de mim”.
Assim, a ceia do Senhor é um memorial pelo qual a igreja lembra o que Cristo fez na cruz em seu benefício. Presença espiritual. João Calvino foi além da ideia de memorial.
O pão e o vinho são certamente símbolos, mas não são símbolos vazios. Por sua presença espiritual, Cristo oferece a si mesmo e a seus benefícios salvadores por meio dos elementos.
O modo como Cristo se faz espiritualmente presente é um mistério, mas Calvino usou como explicação o poder do Espírito Santo para unir Cristo, que está no céu, com a igreja, que está na terra.
A igreja participa com Cristo e é alimentada por ele
Concepções anabatistas/batistas. Os anabatistas romperam com essas posições protestantes, concentrando-se na ceia do Senhor como uma comemoração que só poderia ser administrada aos que foram batizados como crentes, e não quando crianças.
Os batistas também adotaram essa ordem — primeiro, o batismo como um novo crente, depois a ceia do Senhor —, embora tenham desenvolvido duas tradições, uma que apoiava a concepção de Calvino e outra que apoiava uma concepção de memorial.
Apesar dessas importantes diferenças, a igreja celebra regularmente a ceia do Senhor. As igrejas têm ideias diferentes do que a ceia do Senhor faz.
Ela proclama o evangelho, relembra a morte de Cristo, sinaliza a nova aliança, beneficia os cristãos quando participam do corpo e do sangue de Cristo, expressa compromisso com Cristo e/ou simboliza e fortalece a unidade na igreja.
Base bíblica
Gregg R. Allison diz que Jesus inaugurou a ceia do Senhor na Páscoa judaica que comeu com os discípulos.
Na véspera de sua crucificação (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.14-23; algumas tradições incluem Jo 6.22-71).
Embora essa refeição tenha começado como todas as observâncias anteriores da festa judaica,
Jesus acrescentou elementos que transformariam sua última ceia no rito permanente da ceia do Senhor.
Especificamente, as instruções de Jesus — “Tomai e comei; isto é o meu corpo” — transformaram a refeição: de uma lembrança da repentina partida dos israelitas do Egito (Êx 12.17; Dt 16.3) em uma comemoração de sua iminente morte sacrificial na cruz.
Suas instruções seguintes, quando partilhavam do cálice — “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue.
O sangue da aliança derramado em favor de muitos para perdão dos pecados” (Mt 26.27,28) —, anularam a antiga aliança e inauguraram a nova.
Deus não mais se relacionaria com seu povo com base na antiga aliança, ratificada pelo sangue de animais sacrificados.
Em vez disso, Deus iniciou uma nova aliança, ratificada pelo sangue de Jesus, que seria derramado na cruz para perdão de seu povo.
Seguindo as instruções de Jesus, os discípulos comeram o pão e beberam o vinho, participando da primeira ceia do Senhor.
Além disso, essas ações rituais deveriam ser repetidas quando a igreja se reunisse, até a volta de Jesus. Em sua celebração, a igreja se lembraria de Jesus e da natureza vicária de sua morte sacrificial.
Saindo dos Evangelhos Sinóticos, Paulo trata da ceia do Senhor em 1Coríntios.
Paulo enfatiza que ela é a participação no sangue e no corpo de Cristo, bem como um símbolo de unidade (1Co 10.14-22).
Repreendendo a igreja por desrespeitar a ceia do Senhor, o apóstolo relata a tradição que recebeu. Embora tenha sido instituída na noite em que Jesus foi diabolicamente traído por Judas, ele deu graças no início da celebração.
Jesus associou o pão que estava partindo ao seu corpo, dado por seus discípulos, e associou o cálice com a inauguração da nova aliança no seu sangue.
Em seguida, ordenou a seus discípulos que realizassem aquela mesma celebração continuamente, em memória dele.
A ação de partir e comer o pão e de beber do cálice seria uma proclamação visual de sua morte até seu retorno.
A importância da ceia do Senhor exige uma maneira adequada de celebrá-la: evitando divisões entre os membros da igreja, de modo a participar de maneira digna (1Co 11.17-34).
Em resumo, a ceia do Senhor foi instituída por Jesus como um ritual
contínuo a ser observado pela igreja entre a sua primeira vinda e a segunda.
Envolve elementos simbólicos — um pedaço de pão que é partido, uma taça de vinho e a distribuição desses elementos à igreja.
Essas ações rituais representam de forma impactante o corpo quebrado de Jesus e seu sangue derramado, juntamente com a apropriação da obra salvadora pela igreja.
A igreja comemora a morte sacrificial de Jesus e participa dela e do do seu sangue, que ratificou a nova aliança, na expectativa de seu retorno.
Principais erros
Quanto a esse assunto, existe uma grande divisão entre católicos e protestantes: a Igreja Católica Romana sustenta que todos os pontos de vista.
E celebrações protestantes da ceia do Senhor estão errados por causa da negação da transubstanciação e da falta de um sacerdócio que possa administrar adequadamente o sacramento.
Todas as igrejas protestantes contestam a transubstanciação por falta de apoio bíblico, fundamento filosófico incorreto e desenvolvimento histórico tardio.
A transubstanciação é claramente um grande erro e está no cerne da divisão católico-protestante.
1. A ceia é efetiva ex opere operato (lit., “pelo trabalho realizado”): ao comer o pão consagrado e beber o vinho, recebe-se os seus benefícios.
Essa é a concepção comum da posição católica, inclusive entre alguns fiéis católicos. Em sua forma radical, essa concepção dissocia a ceia do Senhor do evangelho, da igreja, da fé e da obra de Deus.
Entretanto, mesmo a Igreja Católica rejeitaria essa ideia mágica, defendendo, em vez disso, que a eucaristia, assim como os outros sacramentos, não funciona de maneira mecânica, independentemente do poder divino e da disposição de amor e fé do participante.
2. Por ser simbólica e memorial, a ceia do Senhor não tem importância. Muitos evangélicos de hoje adotam essa ideia.
Essa posição contradiz as instruções de Jesus aos seus discípulos para celebrá-la (Mt 26.26-29), como a igreja primitiva fazia regularmente (At 2.42,46). Também ignora os muitos benefícios que advêm da ceia do Senhor.
Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.
