Teologia Sistemática
Os Dons do Epírito Santo
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Um aspecto particular da obra do Espírito Santo é o fato de ele dar dons à igreja. O propósito desses dons é promover o crescimento da igreja, especialmente pela capacitação de seus membros para o exercício do ministério.
Em consonância com suas obras particulares, o Espírito Santo confere dons à igreja. O principal objetivo dos dons espirituais é promover a maturidade e a missão da igreja por meio da capacitação de cada membro para o exercício do ministério.
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Outros propósitos são confirmar a mensagem do evangelho e de seus mensageiros; dar uma amostra da futura e mais completa obra do Espírito; e manifestar a vitória de Cristo sobre seus inimigos.
É importante que os crentes identifiquem seus dons, aprendam como usá-los e sirvam em ministérios condizentes com esses dons.
Há discordância entre o cessacionismo, que acredita que alguns dons espirituais cessaram, e o continuacionismo, que sustenta que todos os dons continuam ativos hoje.
Entendendo a Doutrina
Segundo Gregg R. Allison o Espírito Santo é especificamente associado às obras divinas:
- (1) habitar o povo de Deus;
- (2) falar;
- (3) recriar e aperfeiçoar.
Portanto, os dons que o Espírito concede à igreja refletem essas três operações particulares: seus dons para a igreja expressam e promovem as obras do Deus triúno pelas quais o
Espírito é particularmente responsável
O propósito dos dons espirituais é promover o crescimento da igreja em duas áreas principais:
(1) em sua maturidade, por meio do aprofundamento da semelhança da igreja com Cristo, assegurando sua fidelidade doutrinal, intensificando e purificando sua vida comunitária, e muito mais.
(2) em sua missão, por meio da expansão da proclamação do evangelho pela igreja, bem como do discipulado em todo o mundo.
Na Bíblia, além de promover a maturidade e a missão da igreja, os dons espirituais serviam a outros propósitos.
Assim como os sinais, os milagres e as maravilhas, os dons espirituais atestavam a veracidade da mensagem do evangelho e autenticavam seus mensageiros.
Como as pessoas que entraram em contato com a igreja primitiva tiveram certeza de que a “nova” mensagem dela sobre a salvação por meio da morte e ressurreição de Cristo era verdadeira?
Como reconheceriam que Pedro, João, Estêvão, Filipe, Paulo e muitos outros eram mensageiros fidedignos do evangelho?
O Testemunho Através dos Mensageiros
Deus deu testemunho de sua mensagem e de seus mensageiros por intermédio dos dons espirituais concedidos a eles (Hb 2.1-4).
Além disso, os dons espirituais fornecem uma antecipação da obra futura e mais completa que o Espírito realizará na era vindoura.
Do mesmo modo que a obra do Espírito é mais extensa e intensa na era da nova aliança — a era do Espírito — do que no período da antiga aliança, há também a expectativa de uma obra do Espírito.
Mais ainda extensa e intensa depois da volta de Cristo, na era vindoura. Além disso, os dons espirituais também são a manifestação da vitória de Cristo sobre seus inimigos.
Cristo subiu ao céu como o líder exaltado de toda a criação, tendo conquistado seus inimigos.
De lá, ele enviou o Espírito Santo, cuja descida inaugurou a nova era do Espírito. Por seu triunfo e exaltação, e por meio de seu Espírito, Cristo deu dons ao seu povo (Ef 4.7- 11).
Assim, os dons espirituais evidenciam sua vitória.
Até a ascensão do pentecostalismo e do movimento carismático, os dons espirituais não eram muito enfatizados e praticados na igreja.
Esses movimentos, no entanto, desencadearam um debate importante: o Espírito Santo continua a distribuir todos os dons espirituais à igreja, incluindo os “dons de sinal”.
Como profecia, falar em línguas, interpretação de línguas, palavra de conhecimento, palavra de sabedoria, milagres e curas?
A corrente que defende esse ponto de vista é chamada de continuacionismo. Ou o Espírito Santo deixou de distribuir esses dons de sinal, embora ainda conceda os outros dons, como ensinar, liderar, servir, doar e outros?
Essa perspectiva é chamada de cessacionismo.
A teologia pentecostal e carismática sustenta o continuacionismo, e suas igrejas são caracterizadas pela expressão regular de todos os dons, incluindo os dons de sinal.
O continuacionismo foi adotado por alguns evangélicos, resultando no “evangelicalismo de terceira onda”, que acredita que o Espírito continua a distribuir todos os dons espirituais para a igreja.
Base bíblica para os Dons do Espírito Santo
Quatro seções da Escritura tratam dos dons do Espírito. A passagem de Efésios 4.7-16 ressalta que os dons, que vêm de Cristo para sua igreja, manifestam seu triunfo sobre seus inimigos (v. 7-10).
Líderes que recebem dons — apóstolos, profetas, evangelistas e pastores e mestres (v. 11) — capacitam o restante da igreja para o ministério, e o resultado é que a igreja amadurece (v. 12-14).
No cerne desse crescimento há uma dupla dimensionalidade
Na primeira, como um fundamento para a segunda dimensão, é uma dimensão divina que está em ação: Cristo “efetua o crescimento do corpo”.
Na segunda, e, de modo derivado, a partir desse fundamento divino, é uma dimensão humana que está em ação: a igreja deve “crescer em tudo naquele que é a cabeça, Cristo […] para edificação de si mesma em amor” (v. 15,16).
Essa sinergia bidimensional produz o crescimento da igreja. O texto de 1Coríntios 12—14 enfatiza que cada crente recebe pelo menos um dom, que deve ser usado “para benefício comum” (12.7).
Além disso, é o Espírito que “distribui a cada um individualmente conforme sua vontade” e que capacita os crentes à medida que exercitam seus dons (12.11). Aqui, novamente, a bidimensionalidade dos dons espirituais entra em foco.
O Espírito soberanamente distribui os dons espirituais e capacita para seu uso. Essa é a dimensão divina.
Existe uma dimensão humana correspondente:
Os dons espirituais são dons para os crentes. Quando o evangelho é comunicado, é o evangelista que o compartilha.
Quando um culto é dirigido, quem o faz é alguém que tem o dom da liderança. Quando uma revelação é entregue, quem a comunica é um profeta.
Além disso, a igreja deve “aspirar com zelo aos melhores dons” (1Co 12.31), aqueles que, como o dom de profecia, têm o maior potencial de edificar o maior número de pessoas (1Co 14.1-5).
Assim, o exercício dos dons é uma atividade totalmente humana “para benefício comum”. Contudo, não é uma atividade meramente humana, por causa da obra do Espírito.
Essa discussão também dissipa todas as noções de inferioridade e superioridade em matéria de dons espirituais.
Os crentes que têm “apenas” os dons de quem trabalha nos bastidores, como os dons de misericórdia e administração, não devem ficar desapontados.
Tampouco devem se sentir orgulhosos os que têm dons públicos de ensino e liderança (1Co 12.12-26). A bem da verdade, a atmosfera adequada para o pleno exercício dos dons espirituais é a do amor (1Co 13).
A passagem de Romanos 12.4-8 aborda vários dons específicos e o modo como eles devem ser empregados na igreja.
O pressuposto é que os crentes sabem que dons eles têm, de modo que podem prestar atenção e se beneficiar dessas instruções.
A passagem de 1Pedro 4.10,11 apresenta instrução semelhante. Quando os cristãos usam corretamente seus dons espirituais, eles servem “uns aos outros” e trazem glória a Deus.
Será que o Espírito Santo continua a distribuir à igreja todos os dons? Ou será que ele parou de dar os dons de sinal?
Os seguintes pontos favorecem o continuacionismo:
(1) Como o propósito primordial dos dons espirituais é promover a maturidade e a missão da igreja, esta, que ainda está amadurecendo e não completou sua missão, continua precisando de todos os dons.
(2) A passagem de 1Coríntios 13.8-13 (e tb. 1.7,8) situa a cessação de dons espirituais na volta de Cristo, não antes disso.
(3) Contrariamente ao cessacionismo, que vincula especificamente os dons de sinal com os apóstolos, o continuacionismo observa que muitos cristãos que não eram apóstolos exerciam os dons de profecia, línguas, milagres e curas (1.7; Gl 3.5; At 8.4-8; 10.44-48).
Assim, é vazio o argumento de que, como não há mais apóstolos, não pode haver mais dons de sinais.
(4) Evidências históricas indicam a continuação dos dons de sinal na igreja após o primeiro século.
Os pontos em favor do cessacionismo são:
(1) A passagem de 1Coríntios 13.8-13 associa a cessação de dons de sinal, como profecia e falar em línguas, à conclusão do cânon do Novo Testamento.
Seria a essa plenitude da revelação que se refere a frase: “quando vier o perfeito” (13.10). Os dons de sinal foram os meios que Deus usou para comunicar sua revelação à igreja primitiva.
Quando veio o que é perfeito — quando a provisão da revelação de Deus foi terminada com a conclusão do Novo Testamento —, esses dons revelatórios perderam sua função e cessaram.
(2) Uma modificação do ponto 1 é que o texto de 1Coríntios 13.8-13 não especifica o tempo da cessação desses dons espirituais. Assim, a determinação dessa questão deve ser feita com base em outras passagens.
(3) Os dons de sinal eram especificamente associados aos apóstolos (2Co 12.12). Como os apóstolos não existem mais, os dons de sinal associados a eles não estão mais sendo dados à igreja.
(4) Como os dons de sinal dizem respeito à revelação, sua continuação contestaria a suficiência das Escrituras.
(5) Evidências históricas apontam para a cessação de dons de sinal na igreja após o primeiro século.
Principais erros
1. Negligenciar o ensino sobre os dons espirituais e o seu uso, enfatizando, em vez disso, a teologia, a Bíblia e/ou os oficiais da igreja como aqueles que têm os dons e são responsáveis pelo crescimento da igreja.
Essa prática priva os membros de importantes ensinamentos bíblicos e do exercício de seus dons e impede que as igrejas amadureçam e se multipliquem por meio da utilização de todos os recursos que Deus lhes concede.
2. Enfatizar demais os dons espirituais e/ou expressá-los de maneiras que contrariam a instrução bíblica. Muitas vezes, há um abuso dos dons de profecia e falar em línguas.
Alegações de curas e milagres, quando não confirmadas, levam ao ceticismo sobre os dons de sinal. Frequentemente, essa posição deixa de lado o ensino das Escrituras quanto ao propósito e uso dos dons espirituais.
Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.
