Vida Cristã
O que Jesus nos ensina sobre o ódio e amor
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A discussão sobre abusos praticados contra a pessoa e a reação de sacrifício individual leva naturalmente à questão mais ampla do amor e do ódio. As pessoas tinham ouvido o que fora dito: “Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo” (5.43).
Mais uma vez, o que ouviram não era verdade. As Escrituras do Antigo Testamento dizem: “Ame o seu próximo” (Lv 19.18), mas não há nenhuma passagem dizendo “odeie o seu inimigo”.
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Contudo, alguns judeus interpretavam a palavra “próximo” como exclusiva: temos de amar apenas o nosso próximo, pensavam. Logo, devemos odiar nossos inimigos.
Na verdade, isso era ensinado em alguns círculos. Um dos lemas da comunidade monástica que vivia nas proximidades do mar Morto era: “Ame os irmãos; odeie os forasteiros”. O problema de identificar o “próximo” era um assunto corrente na época de Jesus.
O Ensino de Jesus Sobre o Que é Amar ao Próximo
Foi exatamente essa questão que levou Jesus a contar a parábola do Bom Samaritano (Lc 10.29ss.), em que Jesus mostra que nosso próximo é qualquer pessoa ao alcance de nossa ajuda.
Jesus diz: “Amem seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês” (5.44). Os inimigos específicos para os quais Jesus chama a atenção dos ouvintes são os perseguidores, provavelmente os que perseguiam seus seguidores por causa da justiça e do próprio Jesus (5.10-12).
Amá-los e orar por eles é parte importante de ser um filho do Pai celestial. Afinal de contas, Deus “faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (5.45).
Deus amou pecadores rebeldes a ponto de enviar seu Filho ao mundo (Jo 3.16; Rm 5.8). Logo, se somos seus filhos, devemos ter seu caráter.
Ser perseguido por causa da justiça é estar alinhado com os profetas (5.12), mas abençoar e orar pelos que nos perseguem é estar alinhado com o caráter de Deus.
Como Jesus Manifestou Amor em Seu Sofrimento
Em parte alguma essa atitude sublime é mais flagrante do que no próprio Jesus, que, mesmo sofrendo a injusta agonia na cruz, clamou: “Pai, perdoa- lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lc 23.34).
Diante desse padrão, não basta apenas amar nossos amigos e restringir-se a isso. “Se vocês amarem quem os ama, que recompensa terão? Os coletores de impostos também não fazem o mesmo?”
Os coletores de impostos talvez tenham má fama hoje em dia, mas nada se compara à reputação que tinham na Palestina do primeiro século.
O sistema tributário do Império Romano valia-se de intermediários, em troca de certa comissão, para arrecadar o imposto devido pela população.
O governo especificava a quantia a ser arrecadada em determinada área e indicava um homem para a coletar. Esse homem, por sua vez, podia indicar outros sob seu comando, os quais também podiam indicar outros como seus próprios subalternos.
Cada indicado tinha de obter sua cota, e o que passasse disso ele podia pegar para si. O potencial para propina e corrupção ao longo de toda a pirâmide desse sistema de coleta terceirizado era imenso, e todos tiravam partido de cada brecha.
Como era de se esperar, os coletores de impostos judeus eram odiados, mais ainda entre os próprios judeus, porque esses coletores entravam em contato com os gentios, os dominadores romanos, e por isso eram cerimonialmente impuros.
Contudo, mesmo esses homens vis, traidores e repulsivos tinham amigos — outros publicanos, por exemplo! Logo, como poderá um discípulo de Jesus ser de algum modo superior aos desprezíveis coletores de impostos se amar somente os próprios amigos?
Considerações Finais
“E, se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estão fazendo de mais? Os pagãos também não fazem o mesmo?” (5.47). Um cumprimento pode dizer muito, sobretudo se traz o desejo de bem-estar.
Se determinadas pessoas são intencionalmente ignoradas e só os que nos são chegados recebem nossos sinceros votos de felicidade, em que somos diferentes dos pagãos?
Em outras palavras, o seguidor de Jesus não deve se curvar aos padrões mesquinhos da sociedade. Ao contrário, seu padrão deve ser o Pai celestial. O discípulo de Jesus deve se destacar no mundo pela natureza divina de seu amor.
De fato, em outra passagem Jesus até eleva o amor entre os cristãos à categoria de marca indicativa de que eles lhe pertencem (Jo 13.34,35).
Assim, Jesus deixa clara a verdadeira direção para a qual a lei do Antigo Testamento aponta. É um padrão mais elevado do que o legalismo e o casuísmo podem admitir.
Para que possa aprender mais sobre este tema, leia nosso próximo artigo “O Sermão Monte ao Alcance de Todos”, recomendo que você estude o livro de Carson “O Sermão do Monte” que deu origem a este artigo.
